"Para quem já foi (ou está para ser) mãe, não se sintam derrotadas (...) Cuidem-se para poderem cuidar dos vossos filhos." A história de Leonor.
Qual foi a tua reação quando soubeste que estavas grávida?
Quando estive com o meu namorado, percebi logo que
algo não tinha “corrido bem”, mas não pensei muito mais nisso. Entretanto,
pelos meus sintomas, percebi que poderia estar grávida e fui
a uma unidade de saúde fazer o teste de gravidez (que deu positivo). Não fiquei
surpreendida, mas fiquei assustada. Não sabia o que fazer. Falei com o meu
namorado e ambos resolvemos não contar a ninguém.
Como reagiu a tua família, o teu companheiro e os teus
amigos?
Foi
um misto de sentimentos. O meu namorado esteve sempre comigo. A minha família
só descobriu quando a unidade de saúde onde tinha feito o teste de gravidez,
enviou uma notificação para casa com a marcação da minha 1ª consulta de
acompanhamento da gravidez. Ficaram muito desiludidos, não propriamente por ter
engravidado, mas por não ter sido honesta com eles que sempre tiveram uma
relação muito aberta comigo. Mesmo assim, estiveram sempre ao meu lado. Os meus
amigos ficaram surpreendidos, pois nós só namorávamos há um mês, mas nunca
senti qualquer julgamento da parte deles.
Enquanto adolescente, como era a tua vida antes de
engravidares?
Como te sentias fisicamente e psicologicamente durante a gravidez?
Tive
a sorte de ter uma gravidez tranquila. Como era muito magrinha, no início a
minha barriga ainda passava despercebida, mas nos últimos meses não tinha como
esconder, dos vizinhos, do resto da família. Sentia-me um pouco envergonhada.
Queria casar logo, porque não queria ser uma “mãe solteira”, mas a minha
família fez-me perceber que isso era o que menos importava. A minha relação
ainda era muito recente, não sabíamos o que ainda estava para vir.
Quais foram as maiores mudanças na tua vida desde que te
tornaste mãe?
A
minha rotina… Deixei de ser aquela adolescente que pensava que ainda era e
comecei a sentir mais responsabilidade. Enquanto o meu filho era pequenino,
deixei de poder sair com os meus amigos, tinha que cuidar do bebé, acordar de
noite, amamenta-lo... Foi uma mudança radical.
Como te sentiste ao assumir o papel de mãe?
Tive
a sorte de ter os meus pais sempre do meu lado. No fundo, nunca me senti
“perdida” porque tinha a minha mãe sempre comigo que se sentia mãe do bebé
também. Apoiou-me sempre em todas as fases de crescimento do meu filho, mas sem
dúvida que, se pudesse escolher, teria esperado mais uns anos para ser mãe. Não
tinha uma vida organizada, uma relação sólida, um emprego para sustentar o meu
filho e a maturidade necessária para ser mãe a 100%.
Acho
que nos dias de hoje, principalmente com a facilidade do acesso às redes
sociais, toda a gente consegue aceder a informação sobre o tema. O maior problema
é que só procuramos essa informação depois de as coisas terem acontecido.
Não
continuei a estudar. Como já referi, nunca gostei da escola. Depois de muitos
altos e baixos neste percurso, depois de muitas experiências mal sucedidas,
depois de aprender com os meus erros, percebi que para ser uma verdadeira mãe,
tinha que dar um rumo à minha vida. Atualmente, não estou com o pai do meu
filho, mas temos uma boa relação. Continuo a viver com os meus pais que
continuam a ser o meu maior suporte, arranjei um emprego e, juntos, somos muito
felizes.
Que conselhos darias a outras meninas que também são (ou
foram) mães adolescentes?
Diria
que, nos dias de hoje, não há desculpa para este tipo de situações. Podemo-nos
divertir, podemos ter namorado, podemos ter a nossa intimidade, mas sem nunca
esquecer o uso de contracetivos, por todas as razões e mais algumas.
Devemos
sempre responsáveis e pensar nas consequências, antes de cometermos qualquer
ato.
Para
quem já foi (ou está para ser) mãe precocemente, não se sintam derrotadas. Procurem
alguém que vos oriente e que vos apoie nos momentos mais difíceis (sim, porque
eles existem), na família, nos amigos e até mesmos em instituições de apoio
social. Cuidem-se para poderem cuidar dos vossos filhos.
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